ao longo da margem do rio. O destacamento existente no local é comandado por um alferes. Outrora era ele formado de vinte a vinte e cinco homens; por ocasião porém de nossa passagem, não havia ali mais do que nove.
Os índios cabaçais habitavam antigamente as margens do rio do mesmo nome, ou as de seus principais afluentes, o que tornava muito perigoso o caminho de Vila Maria a Mato Grosso. Há porém cerca de cinco anos o cônego José da Silva Fraga veio de Mato Grosso para catequizá-los, começando por congregá-los num aldeamento à margem esquerda do Jauru, em situação maravilhosa e no meio de um grande bananeiral. Este estabelecimento foi oficialmente reconhecido pelo governo provincial de Mato Grosso em 1845, sendo estipulados os fundos necessários à continuação dos trabalhos iniciados pelo padre, diretor da missão. Contam-se cerca de cento e dez índios, distribuídos por umas vinte casinhas de palha, dispostas em quadrado, e muitas delas agora em ruínas. Estes índios são bem constituídos, mas ninguém pode calcular até que ponto vai a sua sordície; pintam-se de vermelho por meio do urucum e vivem cheios de feridas e outras doenças repugnantes. Os homens andam nus, exceção feita de um cordel de acuri passado à volta da cintura(1). Nota do Autor As armas que usam são pesadas e consistem num arco de mais de dois metros de comprimento e flechas de tamanho quase equivalente, terminadas em agudíssima ponta, feita de bambu. As mulheres trazem geralmente um pequeno pedaço de pau no lábio inferior e, como única vestimenta, usam em torno dos rins uma espécie de colete, feito de jatobá. Essa peça é pintada de preto, com exceção de uma faixa muito estreita,