Estrada de Ferro Madeira-Mamoré: história trágica de uma expedição

com roupas que tivessem sido umedecidas pelo suor, durante o dia. Da mesma maneira, as bruscas mudanças de temperatura eram consideradas bastante inconvenientes para os febrentos. Ao observador descuidado, nenhum desses fatos parece harmonizar-se com a teoria da infecção pelo pernilongo, conquanto todos eles tenham explicações bastante simples.

Deve-se notar, contudo, que o Major Ross não afirma ser o mosquito o único veículo da infecção, conquanto ele evidentemente seja dessa opinião. Nem acha que seja essencial determinar se foi o homem ou o mosquito que primeiro deu guarida ao parasito malárico. Aqui está o único ponto vulnerável de toda a teoria, isto é, o que diz respeito à fonte de onde o mosquito recebe o parasito. Se a infecção só é transmitida de uma pessoa para outra, não se originando em nenhum outro ser que não o homem, somos forçados a admitir:

1) Que, atravessando-se uma zona inteiramente desabitada por seres humanos, não seria possível contrair maleita.

2) Que, uma vez que a infecção de uma pessoa sadia depende de ter tido o mosquito contato com algum febrento, segue-se que quanto menor for o número de habitantes de determinada região, menor será o perigo de infecção para os sãos que a cruzarem.

3) Que numa região parcamente habitada, ao invés de se combaterem milhões de mosquitos, será mais fácil e prático segregar cuidadosamente todos os doentes até que pereça toda uma geração de mosquitos e

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