O Brasil

dos mandões supremos, o que se arranja, geralmente, na forma de simples consultas telegráficas. Nos pequenos estados, a submissão feudal-política é formal: muitas vezes, os insignificantes donos da atualidade têm que vir à homenagem, para, curvados no sólio do Catete, receberem o nome que convém.

A República que nos levou a essa degradação, dispensável mesmo nas mentiras assentadas, se tanto o fez foi mais por incapacidade que por maldade. Da vida colonial, resultou um Brasil perfeitamente unificado, como solidariedade nacional, mas iniquamente distribuído nas respectivas circunscrições territoriais. Espoliador, corrupto e estupidamente tirânico, o governo da metrópole arranjara e modificara a seu talante as divisões administrativas da colônia, atendendo exclusivamente à baixeza dos seus interesses, que eram geralmente crimes: São Paulo e Espírito Santo espoliados dos territórios mineiros; Pernambuco, que redimiu todo o norte, do Ceará ao São Francisco, repetidamente mutilado, até ficar reduzido àquela insignificante faixa de território, alheiado de populações feitas na sua expansão natural, e que, por mais de século, foram pernambucanas. Herdeiro e continuador do regimen colonial, dirigido nos mesmos interesses, o Império bragantino tivera o cuidado de não tocar na obra feita como divisão política e administrativa do país, e as antigas capitanias passaram intactas para o Brasil independente, como o Reino Unido de D. João VI passara à nação soberana: nada de alteração essencial. E, como era a mesma coisa, Pernambuco, já tão diminuído do que historicamente era seu, ainda foi podado, em 1824. Castigo das suas veleidades de ser de um Brasil livre e americano. Como representativo sucessor da metrópole, o Império precisava de dominar circunscrições bem absurdas e desiguais, porque o absurdo