O padroado e a Igreja brasileira

religiosa às famílias e aos ministros das diversas religiões". É sem dúvida a boa doutrina, mas em conflito com a ideia de utilizar o padre para mestre-escola pelo fato de prejudicar a instrução laica, que Sua Majestade inadvertidamente denominou livre...

Essas considerações têm o fim de explicar o motivo por que no Brasil o regime de comunhão de poderes se apresentou sob o aspecto mais grave. O imperante, que não possuía a penetração necessária para aprofundar os problemas e fixar as diretivas, hesitava sempre nos diagnósticos e nos remédios, como se viu a respeito da instrução pública, dando em resultado os avanços e recuos que caracterizaram o seu reinado e que na questão religiosa se tornaram o elemento perturbador e anárquico que nos levou à guerra civil.

Durante todos os três anos de discórdias pontilhadas de sangue que foram os da duração da questão dos bispos, a hesitação e o receio do governo, que naquele tempo já era o chefe do Estado, entravaram e complicaram a marcha de uma situação já de si delicadíssima, porque desde o início a Santa Sé verificou encontrar-se diante de organizações politicamente primárias e sem a ortodoxia necessária para imprimir na direção dessa perigosa contenda um sentido inflexível de doutrina.

D. Pedro II era um teórico de assimilação difícil e imperfeita, de cultura mastigada e triturada penosamente. Não era espírito capaz de descer ao âmago dos problemas, e deles só percebia os detalhes nem sempre essenciais. Isso é que explica a sua vaidade de ser um funcionário público exemplar. E o era, realmente...

Política hesitante e movediça, havia de produzir o caos em matéria já naturalmente confusa como a dos bispos D. Vital e D. Macedo Costa.

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