História econômica do Brasil; 1500-1820

ganhar para formar o seu pecúlio. Quem quisesse embarcar podia fazê-lo. Não havia limites! Ao contrário, quanto maior o número, tanto melhor. Em boa parte, quem para aqui vinha era com o ânimo de voltar enriquecido. Quem tivesse capital podia pleitear a exploração da terra. Os donatários não eram mais do que exploradores em grande escala. As concessões dadas pelo rei a esses homens eram o meio de os estimular, facilitando o empreendimento. Veremos, no século imediato, outras nações europeias adotando processos semelhantes de colonização, utilizando-se, porém, de preferência, da iniciativa privada mediante companhias colonizadoras privilegiadas.

Assim como hoje se concede a certas empresas a isenção de impostos, a par de uma alta tributação dos produtos estrangeiros que lhes fazem concorrência, da mesma forma, usando desses processos caracteristicamente capitalistas, o rei de Portugal concedeu uma série de favores àqueles que com seus capitais e seus serviços podiam incrementar a colonização das terras recém descobertas.

Os nossos historiadores não têm encarado o caso sob esse aspecto. Quando se referem a donatarismo, o consideram como se estivessem diante de um regime feudal. O fato se explica pela falta de conhecimento das características da vida medieval que somente os recentes estudos da história econômica têm esclarecido suficientemente. Na verdade, Portugal, em 1500, já não vivia sob o regime feudal. D. Manoel, com sua política de navegação, com seu regime de monopólios internacionais, com suas manobras econômicas de desbancamento do comércio de especiarias de Veneza, é um autêntico capitalista. Os seus vassalos não ficam atrás. Não fazem a conquista como os cavaleiros da Idade Media. Procuram engrandecer e enriquecer o país. Querem que Portugal seja uma