Pequenos estudos de psicologia social

Vicente, não parou, nem retroagiu; continua, ao contrário, obscuro e silencioso, por todas as fronteiras mais interiores da nossa civilização. Hoje, ainda, nos sertões do Piauí, do Maranhão, de Goiás, os proprietários criadores dessas regiões barbarizadas prosseguem, como nos tempos de Domingos Sertão, a expansão colonizadora e vão cobrindo, por infiltrações sucessivas, esses enormes "vácuos", essas imensas paragens ignoradas e longínquas, onde vagueiam ainda os réduces da nossa selvageria tropical, eliminada a facão e a bala pela combatividade dos nossos "caboclos". E, cá pelo sul, os "bugreiros" do Paranapanema e do Tietê continuam, em plena atualidade, as tradições vicentistas das "entradas" e, de comparsaria com os "grileiros", são, sem dúvida, os grandes batedores da nossa civilização na sua marcha para o interior sertanejo(1). Nota do Autor

Tudo isto está mostrando à evidência que os brasileiros atuais e os brasileiros de outrora são todos ainda forjados na mesma têmpera e feitos do mesmo metal e que o nosso antigo caráter, com os fortes predicados de rusticidade e combatividade, com que se revela nos começos da nacionalidade, persiste íntegro, pelo menos entre a gente desses remotos rincões que fronteiam o deserto.

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