Valor Literário da Obra.
O livro do padre Vicente Ferreira Pires, sob o aspecto literário e gramatical deixa muito a desejar, atestando cabalmente o mau juízo que das suas letras faziam os contemporâneos, e ao qual teremos oportunidade de nos referir no decurso desse trabalho.
A redação é má, a grafia anárquica, as maiúsculas e minúsculas empregadas ao acaso, sem o menor critério. Nas enclíticas ora suprimem-se os hífens, ora fundem-se com o verbo. Por outro lado, nas próclises aparece com frequência e despropósito o traço de união. Particularidade curiosa desse texto é a de apresentarem-se várias palavras formando por aglutinação locuções sui-generis, tais como: "de-me-aproveitar", "com-o", "em-pe", "com-tudo", "com-a-força", "se-as-coisas", "em-qual-quer", etc. Os advérbios de modo com a desinência em mente têm quase sempre este sufixo separado por hífen do adjetivo formador, e o mesmo sucede às terminações no infinitivo pessoal quanto aos verbos. Fundem-se palavras com frequência, e também separam-se as sílabas de outras sem o menor motivo. Crases erradas e fora de propósito, a par de omissões do apóstrofe em casos em que o mesmo é indispensável, tornam, às vezes, obscuro o sentido. No verbo ter não se distingue, na grafia, o plural do singular, na 3ª pessoa do Presente do Indicativo. O pronome "cujo" é empregado mais frequentemente com a errada significação de "o qual", do que com a correta de "do qual". O que, porém, é absolutamente calamitoso, na obra do sacerdote baiano, é o emprego dos sinais de pontuação. O sujeito aparece muitas vezes separado do verbo e este do objeto direto por vírgulas, ponto e vírgula, dois pontos, e até ponto simples! Por outro lado, orações coordenadas e subordinadas, e até períodos absolutamente independentes