e as misérias decorrentes de suas "noites sem sono" em que revelou considerável talento. No entanto, estes sofrimentos deram-lhe uma fiel companheira, pois (147) Nota do Autor uma senhora, citada perante o Tribunal de Inquisição para depor contra ele, recusou-se constantemente e foi condenada a um ano de prisão por desobediência. Os dois postos em liberdade, casaram-se.
Melo Franco pôde então concluir seus estudos e bacharelou-se em Medicina. Mas antes de deixar a Universidade, não se esquivou de deixar um adeus satírico em verso. Escreveu em quinze dias, com o auxílio de seu amigo e condiscípulo José Bonifácio de Andrada e Silva, um poema herói-cômico "O reino da estupidez" em que pintava com as cores mais vivas a rotina universitária e ridicularizava principalmente o reitor. Esta peça em verso, distribuída por ocasião de uma festa da universidade, fez grande sensação e foi mesmo causa do afastamento desta autoridade e de algumas reformas, mas foi em vão que se procuraram localizar seus autores. Muito tempo após, Melo Franco se assegurava um lugar na história literária do Brasil. Sua sátira, embora inferior ao "Hissope" de Antonio Diniz pela fineza e a graça, pertence, portanto, às melhores produções deste gênero pelo espírito, a vivacidade das descrições e a elegância da linguagem. (148) Nota do Autor