O Brasil literário: História da literatura brasileira

em seu curso, eu parto. Adeus. Faze-me ouvir o amor que fala." A Douda subiu então à sua barca.

O Canto Terceiro "A Peregrina" descreve a morada da amada do "Trovador". Chama-se assim porque ela apareceu sozinha por ali (vive só de harmonia e perfumes) - sua casa é um vale delicioso, envolto de florestas sombrias, um "silvestre pavilhão",

no meio encontra-se um lago.

A "Douda" chega aí ao por do sol e vê a peregrina repousando sobre a relva. É tão bela, seus encantos são tão poderosos que a "Douda" não pode deixar de gritar, não obstante o seu ciúme: "Na verdade, é ela que eu deveria amar." A esta exclamação, a "Peregrina", ergue-se e pergunta espantada à "Douda" quem ela é e o que procura às margens do lago. A louca, abismada na contemplação da estrangeira, perturba-se com esta pergunta e recorda o fim para que veio. Lembra-se de sua promessa, o

desespero a retoma, foge em torno do lago, quer precipitar-se nas ondas. Porém percebe sua imagem que ela toma pela da "Nebulosa", irritada de sua hesitação e se submete contra a sua vontade. No entanto, ela não pode dirigir-se diretamente à "Peregrina". Cheios de dor e ciúme, seus olhos circundam-na e, enfim, vão pousar sobre uma rosa mal aberta. É a esta flor que ela falará. A estrangeira lhe parece ter tomado esta forma, a rosa a ouvirá. Ela faz soar um canto de amor doce e lamentoso.



Nem sempre rosa, linda flor, hás sido

Nem sempre o mimo do secreto lago;

De encanto és presa, de vingança exemplo,

Se agora és rosa, foste já donzela.



Doces aromas que teu seio exala,

Revelam mudos de teu fado a história;

Também sou maga, e desnudei arcanos;

Sei que és donzela, e só no aspecto rosa.