Mauá

devia atrair ao porto de exportação ..." (Exposição aos credores de Mauá & Cia., p. 71.)

A esse ideal de uma estrada de ferro a Mato Grosso, de lá à Bolívia e aí ligando os dois oceanos e as duas grandes bacias, a do Amazonas que é naturalmente nossa e a do Prata que poderia vir a ser nossa em grande parte, não se atribuiria um pensamento comercial naquelas épocas. E se houve, maior é ainda a glória de quem adivinhou e quis logo explorar tão ricas zonas, que só muitos anos depois começaram a ser descobertas por outros, muitas ainda hoje virgens.

Não é de crer, porém, que Mauá estivesse pensando seriamente nos resultados industriais de qualquer dos traçados então imaginados. Ele os antevia, é certo; e hoje pode-se provar que não teria prejudicado ninguém com o conselho de aventurar capitais nessas empresas. Tudo indica, porém, que o pensamento era político. Suas palavras traem a cada passo a ideia patriótica. Sua maleabilidade em aceitar e amparar este ou aquele plano, contanto que o caminho fosse aberto, descobre a alma do estadista.

Partindo de Vassouras na província do Rio, poder-se-ia ir por Minas e São Paulo em linha reta a Mato Grosso ...?! - e Mauá logo se poria ao lado do engenheiro Palm.

Partindo de Curitiba, poder-se-ia, em sistema misto de vias férreas e fluviais pelo vale do Iguaçu, atravessar o Paraguai e caminhar por Mato Grosso para a Bolívia ...?! — aí estaria Mauá ao lado do engenheiro Lloyd.

Partindo de Curitiba, poder-se-ia ganhar, por vias férreas e fluviais, Mato Grosso, acompanhando o curso do Ivaí ...?! — lá estaria Mauá ao lado de Palm e Lloyd.

Partindo do mesmo ponto, poder-se-ia chegar, por linhas férreas exclusivamente, às riquíssimas terras do norte do Paraná e do noroeste de São Paulo, cortar os pantanais de Mato Grosso, chegar à Boliviá ...?! — e Mauá logo se inclinaria a essa preferência.

Era um plano mais radical. Os rios e as estradas de rodagem passariam a ser fornecedores de tráfego ao grande tronco. Ele repetia frequentemente: "deixemos os rios à margem;