Provavelmente não lhe manuseou os códices, que lhe proporcionariam mais abundantes elementos de aquilatação.
E menos o fizeram outros, que, para melhormente justificar os gabos, com que proclamaram a excelência intelectual de Ferreira, apelidaram-no de Humboldt Brasileiro, expressão usada por Varnhagem em seu Florilegio.
Entre os seus biógrafos, contam-se dous naturalistas, que tinham autoridade especializada para lhe avaliar o mérito das obras.
Mas Barbosa du Bocage, que revelou particularidades até então ignoradas relativamente à missão pilhadora de Geoffroy, não encontrou mais, em Lisboa, os manuscritos alexandrinos, que Drummond enviara ao Brasil, e não poderia, pois, opinar acerca da sua valia científica.
Coube a Goeldi examinar-lhe os ensaios publicados e proferir o primeiro julgamento de naturalista consumado, que elegera para campo de suas observações a mesma portentosa Amazônia, por onde Ferreira jornadeou mais de uma centúria antes.
Empolgava-o a mesma ânsia de devassar os segredos da terra misteriosa, onde o seu predecessor penara por extenuante decênio.
A semelhança das ocupações despertou-lhe a simpatia de que se embebe todo o ensaio consagrado ao desventurado baiano.
Todavia, o século decorrido aperfeiçoara os meios de pesquisas e a sistemática de que se utilizam os sabedores.
Os trabalhos de Ferreira afiguram-se-lhe, por isso, deficientes, quando não errados de todo, como ao incluir o jupará (cercoleptés caudivolvulus) entre os macacos noturnos, em vez de rotulá-lo de ursídeo, e bem assim ao emprestar características suínas à capivara.