Rumos e Perspectivas

aquele padre Manuel da Esperança, quando contemplava o selvagem cambeba brincar com a pelota elástica ou beber o cauim das cerimônias em garrafa branda e indeformável. Aliás, é principalmente o interesse imediato da riqueza que conduz à descoberta e ao povoamento consecutivo. E quando não há essa riqueza, supõem‑na, para atiçar o apetite à aventura. A fome e uma de suas formas sublimadas — a ambição — regeram sempre as migrações, a não ser um caso político como o abandono dos boers do Cabo pelo veldt transvaaliano ou o incidente religioso como o dos puritanos, sob os Stuarts, que se refugiaram na Nova Inglaterra. O estabelecimento dos povos, descidos do Pamir, foi-se incontestavelmente fazendo em busca dos placers do ouro, das canaãs da oliveira ou das luzernas. É na prosaica e dura contingência do ventre do homem que o planeta ainda hoje é investido e rebuscado, a não ser o caso dos polos, de um ou outro pico indiano ou nascente sudanesa, dados de sobra à vaidade de heroísmos, nobres ou pantafaçudos, para os alcançar com reclamo ou modestamente.

Hoje, a ciência aumentando o poder da adaptação limitou essas manobras. Em ponto pequeno assistimos agora a tais deslocamentos,