Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume II

irá por língua-mór Manoel de Miranda, pela confiança que nelle tenho, e em todas as fallas procurará a paz e a amizade que da minha parte se oferecerá;

tanto que for partido, descobrirá os portos que mandou sondar e arrumar, tomando o gráo e altura de cada um;

achando estrangeiros, os prenderá e tomará seus navios, assentando-lhes os bens e m'os mandará presos, e defendendo-se, os matará;

procurará por todos os modos licitos descobrir todas as minas, assim de ouro, conto de prata ou pedras, e, de tudo me irá avisando;

fará povoação e fortes nos logares ou portos que melhores lhe parecerem, procurando a amizade dos indios, offerecendo-lhes paz e a lei evangelica, sem os induzir nem lhes prometter cousa que se lhes cumpra;

achando alguns indios que tenham cativos contrarios a uns que costumam matar em terreiro e comer, pelas guerras que com outros insistem, os poderá mandar resgatar e assim poderá fazer nas mais occasiões, não se lhes fazendo força nem violencias;

procurará que em cada aldeia que receber a paz se levante uma cruz com muito acatamento e veneração, declarando-se o mysterio della;

a paz que se fizer, se mandará autoar com as condições della;

procurará a união de um gentio com outro, e sendo offendido de alguma contra razão se poderá defender si offendel-o, procurando o melhor modo que puder para sua reducção;

usará nas cousas repentinas do que melhor lhe parecer, conforme o tempo e a occasião, elevando por tal fundamento a ampliação da fé catholica e a paz que conforme os serviços que a Sua Magestade nisto fizer, valerá de Sua Magestade as mercês devidas."

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