História do Brasil T5 - A República, 1956

Não foram dos beligerantes as decepções da paz(1), Nota do Autor senão da mocidade, a sonhar com o "mundo melhor". "Projetar e construir, em vez de comemorar..."(2) Nota do Autor Vocábulo carismático, a inquietação dos ensaístas, explodiu na semana da arte moderna de São Paulo (1922): tinha algo da revolta coimbrã de Antero, agravada pelo contraste dos conceitos de vida, vaiando a inércia burguesa, pudica e odiosa. Atualizou o que já não era novidade lá fora, no convulsivo pós-guerra de 19 - dadaísmo, futurismo, super-realismo enfim, de Guillaume Appollinaire, André Breton, Aragon, Cocteau, Supervielle, Marinetti... Guilherme de Almeida, Osvaldo de Andrade, Mário de Andrade, Ribeiro Couto, Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia, e, noutro clima, Manuel Bandeira, Jorge de Lima, Carlos Drumond de Andrade, insurgem-se, inovam, irritam ou apaixonam, mas fazem escola, a que, em 1924, com o Espírito moderno (L'esprit nouveau, chamara Appollinaire em 1917) Graça Aranha trouxe revolucionariamente para o Rio. Ligou-a (adversário da situação) ao movimento de renovação política de 22. Faltara aos moços de 22 um lastro de ideias; o estilista de Canaan deu-lhes, pelo menos, o programa estético, que, no fundo, remexia toda a ordem estabelecida. Bode expiatório, a Academia (pois não são as academias o elegante espelho da civilização amável e sólida?) sofreu o primeiro choque: Graça gritou-lhe, mudasse ou desaparecesse...(3) Nota do Autor A intimação tinha o sentido ambíguo da subversão - modernista - e o correspondente reajustamento: com ela irrompiam no tranquilo mundo de Machado de Assis as negações do século!

Era patético; e óbvio.

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