encapeladas se arremessavam furiosamente. Numerosas embarcações, carregadas, eram sacudidas pelas vagas, e o fragor destas sobre as pedras se misturava ao grito dos carregadores negros, mergulhados n’água até o peito, que transportavam para terra na cabeça as cargas e bagagens de bordo. Fomos postos em terra como esses fardos; os carregadores nos puseram aos ombros e fizeram-nos atravessar a arrebentação. É a maneira habitual de desembarcar os passageiros. Só muito raramente e em condições especiais é que se atinge a terra pela pequena ponte de madeira que vai ter à praia. O major Coutinho escrevera a um de seus amigos para lhe pedir que nos arranjasse onde ficar; encontramos assim o nosso alojamento já preparado. Senti-me feliz em mergulhar na minha excelente rede, trocar o jogo do navio por um balouçar mais suave, e adormecer ao som noturno das vagas em fúria, sentindo-me, porém, fora do seu alcance.
Aspecto da cidade
A manhã do dia seguinte foi chuvosa, mas o tempo clareou à tarde, e, à noitinha, demos um longo passeio de carro através da cidade, em companhia do nosso hospedeiro, o Sr. Felix. Gostei do aspecto da cidade do Ceará. Agradaram-me as suas ruas largas, limpas, bem calçadas, ostentando toda sorte de cores, pois as casas que as ladeiam são pintadas dos mais variados tons. Aos domingos e dias de festa, todas as sacadas se enchem de moças com alegres toaletes, e os grupos masculinos enchem as calçadas, conversando e fumando. Ceará não tem esse ar triste, sonolento, de muitas cidades brasileiras; sente-se aqui movimento, vida e prosperidade (176).Nota do Autor