certeza que tinha de tudo ter feito pela família e pela pátria, dentro de sua capacidade de realização. Com o maior ardor, repetia, ao despertar, todas as manhãs:
- Meu Deus, esclarecei-me; Meu Deus, ajudai-me; Meu Deus, perdoai-me.
Após essa breve mas expressiva oração, dispunha-se às tarefas cotidianas.
Uma manhã, ao vir de sua casa de veraneio em Petrópolis, foi vítima de ligeiro acidente. A notícia correu, ampliando a gravidade do fato. Todos se alarmaram. Das mais longínquas partes, afluíram manifestações de pesar. Ao levantar-se, fizeram celebrar, no Rio, missa solene em ação de graças pelo seu restabelecimento, o que muito o confortou, e aos seus, pois dava testemunho da projeção de seu valor na consciência e na sincera afetividade dos que o conheciam. Era, não há dúvida, a recompensa a quem, como ele, vivia esclarecidamente, perdoado por Deus e por Deus ajudado...
Ao completar 70 anos, resolveu traçar suas disposições testamentárias. Falou dos pequenos haveres, fez as declarações de filiação, estado civil, religião e recomendou fossem ao falecer rezadas missas por sua alma, e de alguns parentes e amigos. Lamentara não ter podido legar aos seus os meios que os pusessem acobertos de necessidades, mas, em compensação, tinha a consciência de que em tudo se havia esforçado em cumprir os seus deveres. E, após agradecer à viscondessa a coragem e a lealdade com que o alentara em uma convivência de quase cinquenta anos e pedir lhe relevasse a ele as faltas nesse largo decurso porventura cometidas, declarou, com vistas aos filhos:
"Agradeço igualmente a meus filhos Afonso e Vicente a solidariedade de que me deram provas, aliás escusadas, prescindindo de aspirações legítimas e de posições, para as quais estavam