NOTA FINAL
Os índios e o pau-brasil
A premência do tempo impediu-nos de fazer mais demoradas pesquisas no que toca à utilização do pau-brasil pelos nossos ameríndios. Daí o não figurar este capítulo no trabalho que apresentamos ao Terceiro Congresso de História Nacional. Aqui, porém, damos os resultados a que chegamos nesta matéria. Conheciam os índios as propriedades tintoriais do pau-brasil antes da chegada dos europeus?
Na obra monumental do J. B. von Spix e C. F. P. von Martius (Tradução brasileira promovida pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro para a comemoração do seu centenário), à p. 56 do Vol. II, em nota, lemos: "Os primeiros descobridores do Brasil souberam dos Indígenas que eles tingiam as penas de seus enfeites com o produto de um pau semelhante ao Legno brasilo, (nome italiano da Caesalpinia Sappan)."
Metraux, em sua Civilisation Matérielle, informa também que os tupinambás para se enfeitarem untavam o corpo todo de resina ou de mel e nele colavam fina penugem tirada do pescoço de certos pássaros. Apreciavam particularmente as galinhas brancas, cujos penas cortavam muito miúdas e tingiam, em seguida, de vermelho, fazendo-as cozinhar com pau-brasil.
Por outro lado na Crônica de El Rei D. Manoel, Damião de Góes, falando do três índios que foram apresentados ao rei por Jorge Lopes Bixorda que, em 1513, tinha o trato do pau-brasil, informa que "os seus arcos eram de pau-brasil e que as frechas eram de canas empenadas com penas de papagaio, as pontas são de pau e de osso de pescado, tão fortes que passam com elas uma taboa."