Euclides da Cunha a seus amigos

Terras guardavam como prova da intrepidez dos exploradores nacionais e estrangeiros, que desvendaram esse mundo novo, esse quase continente que é a Amazônia da margens direita do Solimões até o sopé dos Andes. Data de então sua comovida admiração pela obra de conquista de Manoel Urbano, o verdadeiro desbravador do Purus, e sua veneração por William Chandless, o geógrafo inglês que varou o rio divagante, consoante seu dizer bizarro.

Encerrada essa fase delicada de organização, que naquela época exigia cuidados e precauções de todo gênero, rumou o grande escritor com sua expedição para as paragens quase ignotas do alto Purus, no extremo limite dos manadeiros que o formam pelo desgalhamento meridional do Urubamba e do Madre de Dios.

Quatro meses de perseverança e de sofrimentos foram necessários para a comissão brasileira atingir seu objetivo, pisando terras só então palmilhadas por alguns caucheiros cujas proezas ainda pairam no silêncio de miséria da Amazônia, como a rememorar e período heroico da riqueza e das arrancadas contra o deserto fascinante.

Foi nessa exploração tormentosa e cheia de riscos que a insídia de uma navegação precária oferece ao conquistador destemeroso, que Euclides compreendeu melhor a Amazônia agressiva e misteriosa, cujos dias se dilatam ao sol causticante e cujas noites atroadas pelo tumultuar da vida multiforme despertam ânsia e pavor. Vencendo o grande rio e dando ao Brasil sua posse definitiva,

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