Demos o volume, efetivamente, em novembro.
Em retribuição, assegurou-me ele que colaboraria comigo no estudo sobre Silvio.
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Todo um ano, entretanto, se passou sem que pudéssemos pensar na execução do compromisso, já agora comum.
Ocorrido o levante militar de 27 de novembro de 1935, sete dias depois, a 4 de dezembro, Edgar era preso por suspeita de participação no mesmo.
O golpe doloroso que este fato vibrou na nossa intimidade, privando-me, há um ano, da companhia de um irmão que sempre fora para mim o maior dos amigos, o colaborador incomparável de todas os meus trabalhos intelectuais e a maior força moral de que disponho em minha vida, concorreria, não obstante, contra toda expectativa possível, para a realização que planejáramos juntos.
É que, em meio às preocupações de toda espécie que o acontecimento me trouxe, a ideia do livro passou a constituir um derivativo inestimável.
Por outro lado, reconstituindo, passo a passo, a vida acidentada do grande lutador, através das inúmeras vicissitudes que se lhe antepuseram, como que me aproximava do colaborador ausente, confundindo-lhes as pegadas na mesma caminhada trabalhosa e incompreendida.