Rondônia

I

A CIÊNCIA vai transformando o mundo.

O paraíso, sonhado pela gente de outras idades, começa a definir-se aos olhos dos modernos, com as possibilidades que o passado apenas imaginava. O homem culto chegou a voar melhor do que as aves; nadar melhor do que os peixes; libertou-se do jugo da distância e do tempo; realiza em um continente o que concebeu em outro, alguns momentos antes; ouve a voz dos que morreram, conservada em lâminas, com o seu timbre, e as inflexões da dor e da alegria; imortaliza-se, arquivando a palavra articulada, com todas as suas características, e as suas formas e seus movimentos com todas as minúcias; e enquanto, mágico inesgotável, vai modificando a terra e lutando contra a fatalidade da morte, fazendo reviver as vozes que ela extinguiu, as formas que ela decompôs, o homem não consegue transformar-se a si mesmo, com igual vertiginosa rapidez.

*

Ele, que tem realizado tudo isso; que vive, hoje, em outro meio, permanece, afinal, quase o mesmo primitivo, sentindo, pensando e agindo, muitas vezes, como seus antepassados das idades laicas. Salvo os tipos de escolha, que representam a humanidade do futuro, os homens cultos do Planeta são como índios de pele branca, cobertos por uma crosta, mais ou menos espessa, de verniz brilhante...

Se é que não irrogo injustiça aos selvagens, que nem palavra criaram para o altruísmo, e, mais de uma vez, têm realizado, apesar de tudo, aquilo que eles não

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