Problemas de política objetiva

seu gênero, como Os Sertões, de Euclides da Cunha. Certo, eles não tiveram a sua aparição saudada com a retumbância com que foi rodeada a aparição daquelas outras páginas, duras e belas, cheias das asperezas e dos brilhos da sílica; mas isto deve-se unicamente ao feitio da nossa mentalidade literária, amorosa das belas frases e das belas imagens e, por isso, facilmente impressionável pelo fogo e clarões do estilo euclidiano. Numa e noutra, porém — na obra de Torres e na obra de Euclides — imprime-se vigorosamente o cunho local da nossa raça e da nossa terra: — e a grandeza de ambas está nisto.

Estes dois volumes — O Problema Nacional Brasileiro e a Organização Nacional — confirmam, mais uma vez, uma observação de linhas atrás: da inexistência de arrière-pensée em Alberto Torres. Nenhum preconceito de escola ou de filosofia. Nada, realmente, que pareça corromper ou daltonizar a sua lúcida visão das coisas. Dir-se-ia que o mundo exterior lhe entra, em impressões sucessivas, através dos sentidos, a consciência — e estas impressões sofrem aí apenas o trabalho lógico do julgamento e da síntese, sem outros fatores senão elas mesmas e as leis gerais do pensamento. No fundo, aquela scientific candor, de que fala Hankins em obra recente.(3) Nota do Autor

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