A cidade de S.Paulo (estudos de geografia urbana) V.01

porém, diversos afloramentos de gnaisses e micaxistos na base e flancos de alguns dos espigões secundários das altas colinas regionais. Não é difícil encontrar-se as linhas de contato entre o embasamento pré-devoniano e as camadas sedimentares pliocênicas: na região do Morro do Morumbi o contato encontra-se a 760/790m, enquanto entre a Cidade Jardim e o Butantã desce ele para 730m, ascendendo para 740/745m na zona da Vila Industrial Jaguaré. Em muitos pontos, porém, a base das camadas encontra-se abaixo do nível das planícies regionais, mergulhando por sobre as aluviões e cascalheiros holocênicos e pleistocênicos. Os outeiros alinhados e altas colinas, que vão do Morumbi até às proximidades de Santo Amaro, são constituídos inteiramente por granitos e gnaisses. O assoalho pré-pliocênico na região é muito acidentado, deixando entrever a existência de sulcos relativamente fundos e largos dos vales que antecederam a fase deposicional do plioceno. Trata-se de uma série de endentações marginais da bacia sedimentar flúvio-lacustre regional.

Hoje, após o entalhamento pós-pliocênico da bacia, apresenta diversas readaptações da rede de drenagem às imposições das estruturas, assim como algumas epigenias locais. Enquanto alguns rios se encaixaram diretamente no cristalino através de uma herança de posição relacionada com a cobertura sedimentar pliocênica, outros procuraram seguir a linha de fragilidade representada pelos contatos entre o terciário e o cristalino. O baixo e médio vale do rio Pirajuçara constituem um bom exemplo de rio subsequente ou direcional, pois foi entalhado exatamente ao longo do contato entre as camadas pliocênicas e os gnaisses ali existentes.

Nas colinas de além-Pinheiros, há um contraste muito pronunciado entre as encostas dos outeiros e altas colinas voltadas para o rio, em face do sistema de colinas que se desdobram a partir do topo ou reverso delas. A começar da cumeada dos espigões, estendem-se suaves colinas e ondulações discretas, muito bem representadas pelo relevo dos novos bairros-jardins ali construídos: "Jardim Leonor" e "Jardim Guedala". Trata-se de largas plataformas interfluviais, ligeiramente dissecadas, pertencentes a testemunhos da cobertura terciária ou a extensões limitadas da superfície de erosão de São Paulo, em plena zona de terrenos pré-devonianos.

O vale do Pirajuçara, que é altamente assimétrico devido ao seu caráter subsequente, apresenta, em sua vertente esquerda, testemunhos do nível intermediário tabuliforme de 740/745m, já referidos extensamente no presente trabalho. Existe ao longo do baixo e médio vale do Pirajuçara, em posição geográfica simétrica e oposta, o mesmo fato que se observa na

A cidade de S.Paulo (estudos de geografia urbana) V.01 - Página 253 - Thumb Visualização
Formato
Texto