mais elevados da região de São Paulo (790/805m), que restou excepcionalmente próximo da margem esquerda do Tietê, contrastando sobremaneira com a posição geográfica das principais plataformas interfluviais da região.
O vale do Aricanduva, que se entronca com o vale do Tietê, entre a Vila Maranhão e a Penha, possui um perfil transversal, nitidamente assimétrico, devido a sua posição em face dos diversos níveis do relevo regional. Enquanto sua margem esquerda é barrada pelas altas encostas do outeiro da Penha e altas colinas vizinhas, sua margem direita é composta de baixos terraços fluviais, colinas tabulares suavizadas. Note-se que a quatro ou cinco quilômetros para sudeste, a montante de sua embocadura, o rio Aricanduva continua assimétrico, embora devido a razões diferentes: aí ele se torna nitidamente direcional, refletindo mais de perto o arranjo estrutural da região. Seu vale encaixou-se exatamente entre o bordo SSE do maciço granítico de Itaquera (750/840m) e uma das endentações sul-orientais da bacia sedimentar pliocênica regional.
É curioso notar que a assimetria verificada no baixo Tamanduateí repete-se na região da Penha, embora com relação à margem oposta e com desníveis ampliados. O Baixo Tamanduateí encostou-se à colina da cidade, através de sua margem esquerda; enquanto isso, o Aricanduva encostou-se à alta colina da Penha, pela margem direita. Sabendo-se de antemão que a margem de ataque normal é a esquerda para os rios afluentes do Tietê, que correm de SE para NW, impõe-se uma tentativa de explicação geomorfológica para a assimetria do vale do Baixo Aricanduva.
As explicações mais aceitáveis parecem estar ligadas aos fatos observados no médio vale do Aricanduva, onde este rio é subsequente ao contato entre os granitos e os sedimentos terciários. As altas colinas da região da Penha, embora constituídas localmente por sedimentos terciários, correspondem à ponta final de um espigão que acompanha o rebordo sul-oriental do maciço granítico de Itaquera. O Aricanduva, que é o mais importante afluente da margem esquerda do Tietê, depois do Tamanduateí, ao iniciar seu encaixamento a partir do nível de erosão de São Paulo, adquiriu uma tendência direcional típica, permanecendo orientado segundo a linha de contato geral entre o maciço granítico e a extensão regional de terrenos terciários. A despeito dos epiciclos erosivos pós-pliocênicos, restou sempre subsequente, possuindo sua vertente esquerda diretamente no terciário e sua vertente direita no cristalino. Por seu turno, a margem de ataque principal de seu vale foi sempre a direita, fato que se evidenciou em todas as retomadas de erosão ali processadas. Daí a assimetria geral existente em quase todo o seu vale.