O problema nacional brasileiro: introdução a um programa de organização nacional

possuiu sempre o poder de reunir as primeiras hordas, ignorantes ainda do mistério fisiológico da reprodução, em torno do instinto filial materno — que se lhe firma, através de todas as vicissitudes e peripécias da história, como a força permanente, o impulso vivaz das energias e dos sentimentos coletivos.

Esta bela noção afetiva da pátria, que mostra, nas migrações de selvagens e de bárbaros, como um astro orientador, a terra ignorada e formosa, onde se oculta a promissão do reino de Javé para o gozo e alegria da mulher e dos filhos arrastados pelos areais dos desertos, e que marca, para os povos sedentários, na curva azul do céu místico que iluminou os sonhos dos antepassados e que fulge aos olhos ardentes da prole, o ideal de um futuro de bençãos; essa noção da pátria viva, da pátria do irmão, da pátria do sangue, da pátria dos pais, da pátria dos filhos, não é o símbolo do patriotismo brasileiro, a imagem do nosso zelo pela comunidade nacional. Nós não exprimimos o interesse pela conservação nacional, senão com a forma dramática do culto da bandeira e do ardor militar.

E é este desprendimento da comunhão física do sangue, de zelo pelos tesouros acumulados, na herança moral, durante séculos de lutas

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