O problema nacional brasileiro: introdução a um programa de organização nacional

tempos, pelo espírito reacionário, sob autoridade de princípios tão fictícios como os mais arrojados sonhos de reformadores. A humanidade vive de há muito a terçar armas por causas que não compreende e que nada dizem a seus fins, seus destinos defraudados sob flâmulas que invocam preconceitos e flâmulas que proclamam ilusões. É tempo de a fazer descer à terra, para cuidar de si e do seu patrimônio físico, de que tem sido tão descuidado e ingrato gestor.

Nenhum outro povo tem tido, até hoje, vida mais descuidada do que o nosso. O espírito brasileiro é ainda um espírito romântico e contemplativo, ingênuo e simples, em meio de seus palácios e de suas avenidas, de suas bibliotecas e de seus mostruários de elegâncias e de vagos idealismos. Com uma civilização de cidades ostentosas e de roupagens, de ideias decoradas, de encadernação e de formas não possuímos nem economia, nem opinião, nem consciência dos nossos interesses práticos, nem juízo próprio sobre as cousas mais simples da vida social.

A afirmação desta verdade é, de hábito, recebida, entre nós, como sinal de pessimismo, e até, por vezes, de despeito. Por otimismo — termo que, entre parênteses, bem merece a censura do bom senso — entendemos essa atitude de

O problema nacional brasileiro: introdução a um programa de organização nacional - Página 36 - Thumb Visualização
Formato
Texto