— tinha inteiro conhecimento Octávio Tarquinio, que dela em parte se aproveitou, em A Vida de D. Pedro I. Disse-nos sua admirável colaboradora, "companheira perfeita" nos últimos anos como na morte, a romancista Lúcia Miguel-Pereira, que, tão interessante a achou, quando gentilmente emprestada por Sua Alteza Imperial o Príncipe D. Pedro Gastão de Orléans e Bragança — que integralmente copiou suas sessenta peças.
Devemos, portanto, considerar como naturais acréscimos à biografia do Fundador do Império, os que aqui fazemos, de grande interesse o até agora desconhecido "Plano" de viagem à Europa do primeiro semestre de 1829, apenas subsidiários os contidos nos dois seguintes capítulos, devidos a "recordações históricas" de um obscuro José Gonçalves da Silva. Foram, todos cinco, anteriormente publicados em artigos no Jornal do Comércio aparecidos em 1959, 1960 e 1962, conforme em notas finais se declara. Juntando-os, somente temos em vista chamar a atenção para a unidade que possam ter, como contribuições à história do Brasil daquela época.
I — "Plano" de ida à Europa
O então Príncipe da Beira e Grão-Prior do Crato, D. Pedro de Alcântara, que seria o Proclamador de nossa Independência e Fundador do Império, veio para o Brasil antes de completar dez anos de idade, em 1808.
Seis anos depois, arquitetou Silvestre Pinheiro Ferreira um plano segundo o qual, devidamente assessorado, regressaria a Portugal o nosso futuro Imperador, a fim de ser Regente do velho Reino e ilhas portuguesas do Atlântico, aqui permanecendo seu pai, o Príncipe D. João, à frente do governo do Brasil e das possessões lusitanas da África, Ásia e Oceania.
Depois de elevado o Brasil à categoria de Reino, em 1815, e falecida, no ano seguinte, a Rainha D. Maria I, novas sugestões para o regresso do então Príncipe Real D. Pedro à Europa foram aventadas no início de 1821, quando a notícia da revolução constitucionalista do Porto levou o Rei seu pai a cogitar da necessidade de enviar um membro da Família Real à mãe-pátria,