Fragmentos de cerâmica brasileira

FRAGMENTOS DA CERÂMICA BRASILEIRA

VICTOR ZAPPI CAPUCCI

Os artefatos de barro usados pelas tribos por ocasião do descobrimento eram de tipo grosseiro para o uso ordinário da vida. Constituíam exceção os trabalhos de oleiros de Marajó, Santarém e Cunani, atribuídos às culturas indígenas desaparecidas.

Dos grupos étnicos instalados no Amazonas e que produziam cerâmica artística, um dos mais importantes é conhecido como do Pacoval. Tem o aspecto de uma pequena colina baixa formada por uma série de urnas e de vasos diversos. A forma é ovalada, e Roquette-Pinto diz lembrar um quelônio gigantesco.

Teria existido em Marajó um povo que recuou em sua civilização e recaiu na selvageria? O fato é que na época do descobrimento estava em declínio a arte documentada naquelas peças.

O clima equatoriano não favorece a conservação. Dos esqueletos só se encontram vestígios, e os crânios achados não permitem atribuí-los a qualquer população. Só restam a documentação lítica e cerâmica.

Saliente-se a posição singular da arte de Marajó em relação a todas as artes primitivas americanas. O desenho que tem o nome genérico de grega aparece na cerâmica de Marajó. A composição em retas representa o maior segredo. Custa a crer que tenha sido elaborada por um povo de cultura tão modesta. Aí se encontra também uma peça arqueológica exclusiva da região, chamada tanga. É objeto de uso feminino. Não se pode atribuir a qualquer povo não americano a construção da cerâmica do Pacoval. Teodoro Sampaio filia o foco cultural de Marajó aos focos da América Central.

Outra cerâmica bizarra é a do rio Maracá. Mas não escaparam suas peças à destruição dos animals de grande porte que se serviam das lapas como abrigo. É muito grosseira. Os oleiros de Maracá figuravam em relevo os órgãos sexuais masculinos e femininos.

Uma expedição em 1896 revelava novo depósito de cerâmica perto do rio Cunani, entre o Oiapoque e o Amazonas.

Finalmente, em 1923, Kurt Nimuendaju reveleu a cerâmica de Santarém, que se aproxima dos modelos maias. É extremamente abundante. Outros depósitos têm sido ultimamente estudados. Uma revista geral destes temas, feita sistemática e inteligentemente, é que nos fornece o pequeno valioso trabalho presente.

A.J.L.

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