Reúnem-se neste volume vários trabalhos do historiador Américo Jacobina Lacombe. A publicação faz parte das homenagens que lhe vêm sendo prestadas pelos seus 80 anos de idade e 50 à frente da Casa de Rui Barbosa, fundação vinculada ao Ministério da Cultura. O caso de Lacombe deve, aliás, ser único na história da administração pública brasileira: uma pessoa que permanece durante meio século na direção de uma instituição governamental. Isto se deu pela sua competência e autoridade em tudo que se relaciona com a vida e a obra do autor de Cartas de Inglaterra. Graças ao seu empenho e dedicação, a Casa de Rui Barbosa se transformou numa instituição cultural viva e atuante, principalmente nas três áreas do conhecimento de especial interesse do Patrono: Filologia, Direito e História.
Não se trata, contudo, de mera publicação comemorativa. Os ensaios enfeixados neste tomo constituem valiosas contribuições à historiografia brasileira.
O primeiro é um estudo sobre as capitanias hereditárias, que esclarece muitos ângulos desse processo de colonização adotado por Portugal.
Segue-se pequena monografia sobre o Império brasileiro, e dificilmente se poderia escrever síntese mais lúcida e abrangente sobre esse largo período da nossa História. De fato, em suas páginas Lacombe analisa a nossa evolução política desde a administração colonial, até a fase final da Monarquia, marcada pela questão religiosa, a questão militar e a propaganda republicana. Capítulos importantes e muito bem estruturados são igualmente os dedicados ao movimento emancipador, à experiência democrática da Regência e a todo o Segundo Reinado.
O terceiro ensaio é o prefácio que escreveu para a edição brasileira da biografia da Imperatriz Leopoldina, de Carlos H. Oberacker, lançada em 1973 pelo Conselho Federal de Cultura.
Enriquecem ainda o volume trabalhos sobre dois assuntos que o leitor em nenhum outro lugar encontrará tão bem expostos e definidos — o Padroado e a Questão Religiosa.
Finalmente, "A Escravidão" e "A Cultura Africana no Brasil", escritos a propósito do centenário da Abolição, lançam nova luz sobre a situação da raça negra entre nós, ontem e hoje.