O Brasil na crise atual

multidões destruíam o poder de classes privilegiadas, que os movimentos análogos nos quais se traduzia a reivindicação por aquelas classes de prerrogativas em detrimento das maiorias populares. O fato bem analisado deixa em evidência o caráter ilusório das ilações dele tiradas. Há dois pontos capitais a elucidar no caso em apreço. O primeiro é que sendo os movimentos revolucionários pela sua própria natureza violentos, as massas que representam na sociedade as reservas de energia passional sempre têm a desempenhar nas revoluções um papel insubstituível. Não se pode fazer uma revolução sem multidões, tal qual como um Estado maior não consegue realizar o seu plano de campanha sem contar com massas de soldadesca arregimentada. Mas cumpre desde já observar que o desenvolvimento dos processos de ação bélica inspirados e organizados segundo a técnica científica tendem em qualquer das duas espécies apontadas a tornar as minorias dirigentes cada vez mais emancipadas da contingência de precisarem da colaboração de grandes massas. Sobre este último ponto, aliás, voltaremos ulteriormente no exame do sentido das novas manifestações da atividade política. A outra questão geralmente desatendida pelos que aceitam sem prévia crítica a ideia do caráter popular das revoluções é a do papel nelas respectivamente desempenhado pelos seus promotores e pelas forças sociais por eles desencadeadas.

Sendo aparentemente o fenômeno mais tipicamente demótico, a revolução, como a guerra, é, contudo,

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