dos crentes, a fim de que se perpetuasse o catolicismo na terra.
Santo Inácio fora grande pecador antes de se dedicar ao bem, e não havia refolho da alma humana que não conhecesse. Concedia-lhe a experiência, proveniente do convívio diário de leigos e eclesiásticos, poder quase adivinhatório na escolha dos colaboradores da grande obra, que intentara para maior glória de Deus. Aparece no seu gênio a conjunção dominante, feita de sonho e realidade, porquanto, por mais que procurasse transmudar-se em frio psicólogo, nunca se lhe obliterou a ambição quixotesca - no sentido mais nobre do termo - de corrigir abusos, sanar males, e encarreirar almas através do mundo para o caminho da bem-aventurança. O vinco de origem perdurou longamente na Companhia de Jesus e foi a alavanca do seu triunfo. De todas as ordens religiosas consagradas em Roma, era aquela que mais se aproximava do eterno anseio de liberdade da era moderna, embora pareça paradoxal aos que veem na organização jesuítica apenas uma férrea disciplina a favor da imobilidade da Igreja.
Quisera Santo Inácio, quando moço, converter os bárbaros que usurpavam a terra santa, voltando os olhos na maturidade para longínquas regiões, onde portugueses e espanhóis apareciam à proa das caravelas dos descobrimentos. Com o caráter de missionários recebeu D. João III aos jesuítas, abrindo-lhes