Gonzaga e a Inconfidência Mineira

É indiscutível que os louvores a Barbacena atestam - já o reconhecemos - instantes de fraqueza do poeta. Isto, porém, não o desmerece, nem chega a diminuir o valor da sua atitude geral, que é digna e reta no seu conjunto.

O procedimento de Gonzaga pode exemplificar, perfeitamente, uma distinção entre delicadeza e fragilidade. Ele era delicado, mas andou distante da fragilidade de muitos, da mor parte dos outros companheiros de infortúnio. Podia, no momento em que foi preso, proceder como Abreu Vieira, ou desmandar-se em lamúrias como seu queridíssimo Cláudio Manuel. Não obstante todas as vicissitudes de que se viu cercado, manteve-se imperturbável e não cedeu um nada de sua postura inicial.

Também aqui, na apreciação do seu procedimento quando preso e processado, arriscando-se à infâmia do patíbulo, cabe aquela expressão do seu abalizado e tantas vezes já citado crítico: "Gonzaga, brando na poesia, tinha um fundo de dureza."(33) Nota do Autor

Mesmo depois de condenado, não deixou de esmorecer-se. Lutou valentemente, com energia e inteligência, mostrando à lucidez do seu espírito, a força da sua argumentação. Sua defesa pessoal é um arrazoado magnífico, sob qualquer ângulo que se pretenda examiná-lo. Ali brilha o jurista, o advogado, o homem que se bate pela justiça em seu próprio benefício.

Sua atitude desmente aquele juízo formulado por Ararípe Júnior a seu respeito, quando o classificou como um apático e indolente. O fato de não ter votado

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