1. O AMBIENTE
É sabido que o século XVIII foi uma época prenhe de agitações intelectuais, que se resolveram em transformações políticas e sociais profundas e de enorme relevância para a civilização. Não julgamos necessário, portanto, recordá-las aqui, ainda porque isto seria ocioso num trabalho da natureza do nosso. Basta que as tenhamos sempre presentes para podermos encarar e compreender os fatos desenrolados nas Américas daqueles tempos.
Enquanto na Europa o sopro da Enciclopédia abalava, desde os alicerces, os tronos e preparava os espíritos para a arrancada de 1789 na França, aqui também penetrava o germe de uma nova compreensão da vida e da sociedade. Uma nova filosofia se preparava para dar ao mundo rumos novos, ao influxo de um novo pensamento político, de conceitos econômicos muitíssimo diferentes.
E o eco da palavra liberdade veio encontrar na alma oprimida dos povos de Minas uma ressonância vigorosa. É que, como observou Veloso Rebelo(1) Nota do Autor, "nas universidades a palavra dos lentes batia-se por escolas filosóficas que se irradiavam pelo mundo. Os estudantes brasileiros, que iam educar-se em Paris, bebiam, com essas filosofias, a ânsia de liberdade." E prossegue: "Livros sediciosos eram espalhados