Esse acontecimento de elevadíssimo quilate patriótico, aplaudido pela nação, fazendo-a entrar em nova fase, na altura dos seus destinos históricos, é para mim, e será sempre, motivo do mais nobre e justo orgulho.
Circunstâncias extraordinárias, para as quais não concorri, perante Deus o declaro, encaminharam os fatos para uma situação excepcional e não prevista.
Julguei conjurar tão temerosa crise, pela dissolução do Congresso, medida que muito me custou tomar; mas de cuja responsabilidade eu não me eximo
Pensei encarreirar a governação do Estado por via segura, e no sentido de salvar tão anômala situação.
As condições em que nestes últimos dias, porém, se acha o país, a ingratidão daqueles por quem mais me sacrifiquei e o desejo de não deixar atear-se a guerra civil na minha cara pátria, aconselham-me a renunciar o poder nas mãos do funcionário a quem incumbe substituir-me.
E, fazendo-o, despeço-me dos meus bons companheiros e amigos, que sempre Se me conservaram fiéis e dedicados, e dirijo meus votos ao Todo-poderoso pela perpétua prosperidade e sempre crescente florescimento do meu amado Brasil. - Capital Federal, 23 de novembro de 1891. - Manuel Deodoro da Fonseca".
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O coronel Lao Botelho encontrara Floriano Peixoto, em sua casa, ainda de "chambre", tomando café com a maior despreocupação. Mostrou-se o vice-presidente espantado "com a resolução do Manuel". Certo, não havia ainda "aberto a brecha na infantaria", nem esperava que o velho marechal, mesmo sob a ameaça dos canhões da esquadra, abandonasse o poder sem luta, contando, como contava, com grandes dedicações entre as forças de terra. Vestiu-se, tomou o landô em companhia do emissário de Deodoro e dirigiu-se ao Itamarati. Entrando no salão em que se encontrava o presidente resignatário, foi direito ao velho marechal e o abraçou. Antes de qualquer outra coisa, disse Deodoro:
- Peço-lhe a minha reforma...
Não apenas deixava o poder: rompia, também, os últimos laços que o prendiam à vida militar. Magoava-o, sem dúvidas