com alguns estudiosos, a ideologia se distinguiria por seu caráter necessariamente coletivo, enquanto que o conteúdo do vocábulo alemão pode abarcar também a ordem individual(39). Nota do Autor Outros autores procuraram, contudo, dar uma visão mais precisa da ideologia, especialmente em suas aplicações no âmbito político. Entre estes, Karl Loewenstein a define como "um sistema coerente de ideias e crenças que explicam a atitude do homem ante a sociedade e que conduzem à adoção de um modo de comportamento que reflete estas ideias e crenças, conformando-se a elas"(40). Nota do Autor
Todavia, no nível da linguagem corrente é possível observar que existe uma grande confusão no emprego de vocábulos próximos: doutrinas, ideias, ideologias... Estas palavras são, frequentemente, usadas como se fossem intercambiáveis. Os autores que consideram necessário estabelecer uma distinção sugerem diversas acepções. Por exemplo, Jean Touchard propõe reservar a palavra "doutrina" para a designação de um sistema completo de pensamento embasado sobre uma análise teórica do fato político(41). Nota do Autor Para este autor, a doutrina é uma obra individual, já que contribui para a formação da ideia política que, contrariamente ao pensamento doutrinário, possui um corpo e um peso social. Com grande acerto, Touchard compara a ideia (de acordo com ele, difícil de distinguir da ideologia) com uma pirâmide composta de vários andares: correspondendo sucessivamente, cada um deles, à doutrina, à praxis, à vulgarização, e aos símbolos e representações coletivas. Lançando mão de um exemplo atual, pode dizer-se que O capital, de Marx, encontra-se num extremo da cadeia, e no outro, o slogan das "duzentas famílias".
A posição de Raymond Aron difere um pouco da precedente, pois este autor vê nas ideologias - especialmente no que se denomina de "ismos" - umas doutrinas que possuem certos traços característicos classificáveis, de acordo com ele, em três categorias: potencial emocional (diversamente das