Uma filha de D.Pedro I, Dona Maria Amélia

Lxa, 29 de 7bro 1834

"M.a chara filha: eu te escrevo com o coração retalhado de dor, não sabendo verdadeiram.te como te anuncie o terrivel acontecimento que me torna desgraçada pa todo o resto de m.a vida!! Admiras-te de se passar tanto tempo sem receberes notícias m.as, o que depreendo de vossa boa carta de 7 de junho que (?) recebi os dias passados (sic) ai de mim, o estado de teu infelis Pai, q. de dia em dia se tornava peior, era a causa de meu silencio, p.r. q. eu não o deixava e me esforçava incessantemte em provar-lhe p.r meus cuidados e ternura q.to o Amava! Mas. suplicas forão vãas, os socorros da arte inuteis! Deus quis chamai-lo a si!!!

Ele expirou em meus braços no Palacio de Queluz a 24 de 7bro, pelas 2 1/2 horas da tarde, depois de longos e crueis sofrim.tos q. suportou com huma resignação e piedade edificante! Não se illudindo nunca a respt.o de seu estado, se preparou pa a morte, e fes suas disposiçoens alguns dias antes do fatal momento, em q. roubado a sua esposa aflicta, e a seus pobres filhos, passou p.a hua melhor vida. Morreu como hum Santo Martir, e Philosopho Christão, e jamais houve hua morte tão tranquilla! Está no Céo presentem.te; meus charos filhos, junto de vossa excelente Maj e de vossa boa irmãa Paula, e roga p.r nós.

Elle prometeu e disse tão bem p.a vos escrever q. no seu leito de morte ainda vos abençoava!!

Elle agora está no Céo, e Da o terá indenizado multiplicadamte, de todos os sofrim.tos q. teve na terra. Nós, eu sua infelis viuva, e vós todos seus infelizes filhos [esta palavra está riscada], orphãaos, somos dignos de compaixão; p.r q. perdemos o nosso melhor amigo e Protector! Rogai e chorai comigo meus infelizes f.os, e D.es tenha piedade de nós.

No dia 27 a noite teve lugar o enterro vosso Paj foi depositado na Igreja do antigo Convento de S. Vicente, junto de seus Avós; seu coração, será transportado p.a o Porto seg.do

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