jamais esqueceu, dentro do fenômeno jurídico, a sua vertente filosófica".(18) Nota do Autor
Origens telúricas e influências estrangeiras se cruzando quase por toda a parte, também igrejas protestantes de pastores britânicos e estadunidenses organizadas a partir da década de 1880, antes o Cemitério dos Ingleses, depois o Colégio Americano.
O vento alísio era que trazia as caravelas, vindo do Atlântico à América do Sul, fecundando a nova cultura nas poéticas palavras de João Cabral de Mello Neto:
O alísio ao chegar ao Nordeste / baixa em coqueirais, canaviais; / cursando as folhas laminadas, / se afia em peixeiras, punhais.
É que "Pernambuco tem a tradição esguia e enxuta da cana-de-açúcar, essa planta prototípica que serviu de modelo à flauta de osso de (João Cabral) de Mello Neto. A Bahia tem a tradição gorda e redonda do fumo e do cacau, cuja metaforização anárquica sopra em Jorge Amado e se expressa com violência em Glauber Rocha. O cartesianismo de Pernambuco é redundante, dotado de verticalidade solar, na sua clareza seca. O barroquismo da Bahia é abundante, dotado de horizontalidade luminosa, no seu ofuscamento tímido"; "o trópico, histórica e sociologicamente, deu em Gilberto Freyre. O trópico, sensação quotidiana e antropológica, deu em Caetano Veloso".(19) Nota do Autor
A tradição cortesã de antiga capital do Brasil, a primeira, em Salvador da Bahia de Todos os Santos e quase Todos os Pecados como Gilberto Freyre gostava de dizer, cortesania muito minada pela pauperização retratada por Jorge Amado, contrasta com o permanente irredentismo recifense de capital do Nordeste tão jacobino que acuado como separatista em 1817 e 1824, irredentismo também intelectual da Primeira Escola do Recife, a de Tobias Barreto e Sílvio Romero e discípulos, e da Segunda de Gilberto Freyre, Ulysses Pernambucano e continuadores.
Na síntese do Recife tão bem traçada por Alceu Amoroso Lima: "terra e mar, aristocracia e democracia, finura de espírito e bravura de caráter, graça florentina e violência sertaneja, riqueza e