rica é a região em umidade. Alguns dos regatos fluem sobre um leito de areia e seixos rolados, e suas margens são todas revestidas da mais magnífica vegetação que se pode imaginar. Eu costumava, quase diariamente, em meus passeios solitários, repousar nas margens limpas destas rápidas torrentes e banhar-me durante uma hora em suas águas revoltas, horas que me vivem na recordação como as mais agradáveis. As largas estradas da mata continuam, como já disse, para o interior, numa distância de vários dias de viagens, servindo aos tucunas e outros índios que aí vivem em casas isoladas e aldeias, quase em seu estado primitivo, ficando a aldeia mais próxima a umas seis milhas de S. Paulo. As margens de todos os cursos de água são salpicadas de habitações de folhas de palmeira dos tucunas, todas meio escondidas nas brenhas, pois as famílias esparsas escolheram os recantos mais frios e mais sombrios para suas moradias.
Ouvi frequentemente na vizinhança destas cabanas o "realejo" (Cyphorhinus cantans)(573), Nota do Tradutor o mais notável cantor das matas amazônicas. Quando suas notas singulares ferem o ouvido pela primeira vez, a impressão nítida que se tem é de que sejam produzidas pela voz humana. Algum menino músico deve estar colhendo fruta nas moitas e cantando para distrair-se. As notas se tornam mais aflautadas e queixosas; são agora as de uma flauta, e apesar da completa impossibilidade da coisa, fica a gente convencido por um momento, que alguém está tocando esse instrumento. Não se vê ave nenhuma, por mais que se esmiúcem as árvores e arbustos em redor e a voz parece vir da brenha mais próxima. O fim do canto é um desapontamento. Começa com algumas notas muito lentas e brandas, que se seguem