O precursor do abolicionismo no Brasil: Luís Gama

Desde que fiz-me soldado, comecei a ser homem; porque até os 10 anos fui criança; dos 10 aos 18, fui soldado.

Fiz versos; escrevi para muitos jornais; colaborei em outros literários e políticos, e redigi alguns.

Agora chego ao período em que, meu caro Lucio, nos encontramos no "Ipiranga", à rua do Carmo, tu, como tipógrafo, poeta, tradutor e folhetinista principiante; eu, como simples aprendiz-compositor, de onde saí para o foro e para a tribuna, onde ganho o pão para mim e para os meus, que são todos os pobres, todos os infelizes; e para os míseros escravos, que, em número superior a 500, tenho arrancado às garras do crime.

Eis o que te posso dizer, às pressas, sem impôrtancia e sem valor; menos para ti, que me estimas deveras.

Teu Luiz".

EXAME E DISCUSSÃO DA CARTA

Escrita aos cinquenta anos de idade, sabendo que se destinava à publicidade, essa Carta não pode deixar de ser aceita como um documento exato e verídico, que deve fazer fé em nosso espírito.

Entretanto, uma preocupação confessada pelo autobiografista, a de esconder o nome paterno, cria pontos obscuros nos tópicos referentes aos seus dez primeiros anos, vividos na Bahia, e transforma a carta em documento

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