O precursor do abolicionismo no Brasil: Luís Gama

Êmulo de Camilo, o \"escritor que melhor sabia passar uma descompostura\", sente-se em todas as suas profissões de fé, a raiva que lhe inspiravam todos os contrafatores da verdade. Tudo em Gama é arrebatamento. Fazendo versos ou jornalismo, advogando ou falando, é sempre o mesmo homem, tentando fazer esplender, com o fogo de sua paixão, com o entusiasmo de seu verbo, com a zombaria vergastante de seu riso, a Justiça, o Direito, a Lisura, a Retidão. E investe, sem medo, com um destrançamento de língua completamente fora das normas do tempo, contra tudo que é arremedo, contra tudo que é falso, que é hipócrita, que é dissimulado.

Dissera ele, na \"Prótase\" de suas Trovas Burlescas:

\"E podem colocar-se à retaguarda
os venerandos sábios de influência;
que o trovista respeita, submisso,
honra, pátria, virtude, inteligência.
Só corta com vontade nos malandros,
que fazem da nação seu montepio;
no remisso empregado, sacripante,
no lorpa, no peralta e no vadio.\"

E ratifica no \"Lá vai verso\", deixando bem claro sobre que alvos se encanzinaria de preferência sua musa irreverente:

\"Quero a glória abater de antigos vates
do tempo dos heróis armi-Potentes;
os Homeros, Camões - aurifulgentes,
decantando os Barões da minha pátria!

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