sórdido; os políticos e seus aderentes, que se grudam, patrioticamente, às arcas da fazenda real; os velhos e velhas dominados por paixões temporãs e maridos ingênuos a que as mulheres enfeitam a vida; a jactância dos simuladores do talento; a moda do tempo e, principalmente, a preocupação da cor da pele, que se ainda hoje existe e incomoda o rebanho humano, muito mais alanceava, naquela longínqua quadra, o coração de um país de escravos, isentos que todos pretendiam ser das máculas e taras com que a senzala inquinara a pureza da raça colonizadora.
As Primeiras Trovas Burlescas de Getulino, apesar de haverem logrado três edições, constituem hoje um livro quase introuvable. É preciso uma paciência de meses, recomendações particularíssimas às casas especializadas na busca dos livros difíceis para conseguir obter o esquivo folheto. Por isso mesmo, e ao contrário do que fazem quase todos os seus biógrafos, que citam pouco ou quase nada, para poder prolongar as próprias parlandas, vou deixar que fale e longamente se expanda o satírico em pessoa. Enquanto não se publica a quarta edição das Trovas, preciso que o público julgue por si mesmo e diga se ainda valem as produções de Gama ou se tem razão Alberto Faria, quando as tacha e condena como cousas ultrapassadas e irremediavelmente perdidas.
Os \"barões\", os eternos negocistas, que existiram sempre, e que muito presumivelmente, sempre existirão, sofrem as iras cáusticas do vate negro como habilíssimos traficantes, que sempre foram em todos os tempos, e