O precursor do abolicionismo no Brasil: Luís Gama

todos os mofadores contumazes, que se jogaram sempre a fundo, em esgrima fácil, contra as infelicidades conjugais. Gama atira-lhes, sempre que pode e quase sempre de passagem e de raspão, flechadas que ele ervou do veneno satírico. Assim no seu elogio do rapé, na poesia "A Pitada":

"Contra o peso da cabeça

é remédio tão gabado

que o não deixa um só momento

todo homem que é casado."

E, além de outras, arrumou-lhes, aos maridos distraídos, aquela carapuça da "Farmacopeia", acerando a pua com o oferecimento de suas mesinhas e quinquilharias literárias de seu "bric-à-brac" sardônico:

"Marido que a consorte não recata,

Entregue ao desvario, ao desatino,

que, na pândega alegre, não repara

a figura que faz de 'Constantino'...

Tem sortimento

já reservado,

grinalda e gorra,

chapéu armado;

barrete à moda

com dois raminhos

para descanso

dos passarinhos."

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