seus versos, teria determinado a punição rigorosa não de um só, mas de um regimento inteiro de funcionários públicos, em qualquer época e em qualquer parte do planeta. Gama não foi incomodado. Pelo contrário, elogiaram-lhe a verve espirituosa e ele continuou a cultivar o gênero, com mais afinco até, pois que, depois das Trovas, só se conhecem, publicadas na terceira edição, poesias de sátira política. E com uma agravante de peso: a melhoria visível de seus versos, adquirindo clareza e mobilidade o período, elástico que se lhe fazia o boleio da frase, mais cuidado que dantes, mais fluente pela segurança que lhe proporcionava o seu manejo constante.
A \"charge\" que ele escreveu no \"Diabo Coxo\", em agosto de 1865, acerca da formação da atmosfera favorável à guerra do Paraguai, \"charge\" maligna, a castigar todos os patriotas de encomenda, que figuram em todas as manifestações espetaculosas, mas que se escondem na hora de seguir para a frente, ao mesmo tempo que atesta a sua invergável independência de espírito e a sua coragem de dizer franquezas, temeridade mesmo em afrontar a opinião pública, também mostra que ele, se quisesse, atingiria, sem esforço, ao humor inglês de Machado de Assis e de Leo Vaz. Releiamos a última passagem das \"Novidades Antigas\", fecho do capítulo II. Tratava-se do seguinte:
\"Os Licurgos da nossa Edilidade
em nome da sagrada liberdade,
chamaram a congresso todo o povo,
afim de discutir um fato novo.