A aculturação negra no Brasil

país do mundo de minha concepção juvenil, passou a ser nada mais que o latifúndio descoberto por acaso, e que, ao acaso, vingou os séculos. Pupilo de madrasta relapsa e cruel, crescido ao abandono, na companhia perniciosa de africanos boçais, de índios sanguinários e indolentes, de degredados e mulheres de má vida, teria, forçosamente, que carregar por toda a existência, as taras congênitas e os maus hábitos de criação.

Que se poderia, com efeito, esperar de um povo que se constituiu do rebotalho humano? Que cresceu no mundo sem leis da floresta e da senzala, sob a sugestão dos piores exemplos?

Na obra de arrefecimento de meu entusiasmo nada que calasse tão fundo como os confrontos de nosso país com outros, da capacidade de sua gente com a capacidade de outros povos. Meu orgulho de brasileiro, com tão profundas raízes, nem sempre conseguiu triunfar das insidiosas razões com que a crítica onimoda e renitente esvurmava as inferioridades incuráveis de um povo malfadado.

Foi a mais pungente provação porque passou minha fé no Brasil. Não era fácil à mais destra dialética levar a melhor nas acareações de nosso país com outros que, sob vários aspectos, apresentam sobre ele superioridades indiscutíveis. A própria excusa da idade, aceitável na explicação de nosso retardo, em relação às clássicas civilizações europeias, não prevalecia quando figurava a América do Norte no outro termo da comparação.

Foi sempre esta a carga mortal para o tiro de misericórdia nas veleidades "porque — me — ufanistas" dos recalcitrantes.

Pelo que me toca, confesso que o argumento foi de achatar.

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