trabalho do explorador de primeira mão, são precisamente aquelas em que a precisão científica do cartógrafo, do geólogo, do botânico e do zoólogo mais se afastará de sua forma definitiva. O zoólogo que com mais proveito opera no sertão deverá dispor de tempo e, por conseguinte, deverá seguir as pegadas e não ir em companhia dos primeiros exploradores. Quem quiser realizar o melhor trabalho científico no sertão não deve associar espécies de trabalhos incompatíveis, nem procurar percorrer grandes extensões de território em prazos muito limitados.
Não conheço melhor exemplo do tipo de zoólogo que pratica serviços de primeira ordem no sertão, do que João D. Haseman, que permaneceu desde 1907 até 1910 procedendo a minuciosa e completa investigação científica em vastas regiões de territórios sul-americanos até então só em parte conhecidos ou por completo inexplorados. O objetivo primacial de Haseman era o estudo das características e distribuição dos peixes na América do Sul, mas na realidade estudou ele, em primeira mão, muitos outros assuntos ligados àquele objetivo em maior ou menor grau, como se pode ver em suas observações sobre os índios e no seu excelente opúsculo sobre Alguns Fatores de Distribuição Geográfica na América do Sul.
Haseman realizou sua longa excursão com um equipamento muito reduzido, devendo o extraordinário êxito de seu trabalho campal à sua perfeita condição física de vigor e saúde e à sua capacidade de ação, confiança em si próprio e energia. Seus escritos são de alto valor pela exatidão e bom senso de que são repassados. A falta do primeiro desses atributos é logo intuída por quem quer que leia as ficções realmente escandalosas que têm sido publicadas como verdades por alguns modernos "exploradores" da América do Sul; (1) Nota do Autor e a falta de senso comum,