Através do sertão do Brasil

que um estilo simples e desataviado, e, caso possível, cheio de vivacidade, é de vital importância na produção de obras de primeira classe, seja na ciência ou seja na história. Darwin e Huxley são clássicos, mas não o seriam se não tivessem escrito em bom inglês. O pensamento é o essencial, porém a capacidade em dar-lhes expressão clara é pouco menos essencial do que ele.

A habilidade de bem escrever, quando o escritor não tem assunto sobre o qual escreva, só serve para o expor ao ridículo. Por outro lado, um pensamento elevado, se formulado de maneira obscura ou medíocre, perde enormemente de valor. Sendo Haseman um espírito tão privilegiado, é de lamentar se transforme em esforço irritante a pesquisa do seu pensamento. Por seguro, se ele quisesse empregar tanto esforço para escrever, quanto o emprega no trabalho infinitamente mais difícil de explorar terras e colher espécimes, se tornaria capaz de exprimir seu pensar com clareza e vigor. Deveria formular os períodos depois de verificar com certa segurança que podiam ser analisados gramaticalmente. Deveria ainda esforçar-se para exprimir na íntegra seu pensamento, em vez de nele deixar omissões a serem preenchidas pelo leitor surpreso e hesitante. Suas vistas pessoais e comentários sobre as opiniões de terceiros concernentes às teorias estáticas e dinâmicas relativas à distribuição constituem exemplo de um importante princípio expresso de modo tão imperfeito, que nos deixa a perguntar-nos se foi ele perfeitamente apreendido pelo escritor. Poderia este evitar o uso de tais expressões pedantescas, que na realidade nada mais são do que desagradável gíria científica, felizmente de efêmera existência. Como exemplo, tomo o aparecimento recente do uso e abuso, geralmente tautológico abuso do vocábulo "complexo" — excelente se usado com parcimônia e propriedade. O sr. Haseman emprega-o a torto e a direito, quando sua aplicação é imprópria

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