Através do sertão do Brasil

americanas venenosas — as víboras, e não o serem ao veneno das corais, que existem comumente nos lugares em que vivem. Ainda assim, a julgar pelo caso citado por Vital Brasil, elas atacam e dominam as corais, embora, no fim, a luta lhes acarrete a morte. Seria interessante verificar se esse ataque foi excepcional, isto é, se a mussurana, como espécie, aprendeu ou não a evitar a coral. No caso de não ser o ataque excepcional, o fato seria não só muito curioso por si mesmo, como também explicaria plenamente por que a mussurana não se torna abundante. Para aqueles que não estejam a par do assunto, mencionarei que o veneno de uma serpente venenosa não é perigoso para sua própria espécie, a menos que seja injetado em altíssima dose, cerca de dez vezes a que seria injetada em uma picada; mas é mortal para todas as outras serpentes, venenosas ou não, salvo com relação às poucas espécies que comem serpentes venenosas. A hamadríada indiana, ou cobra gigante, é exclusivamente devoradora de serpentes. Evidentemente ela distingue as cobras venenosas das que não o são, pois o sr. Ditmars referiu que, no Jardim Zoológico de Bronx, dois exemplares habitualmente alimentados com serpentes não venenosas, e que valentemente as atacavam, recusaram-se a atacar uma cabeça-de-cobre, lançada à sua gaiola, atemorizados, evidentemente, por essa víbora. Seria interessante verificar se a hamadríada se recusa a caçar todas as víboras, e também a sua parenta, a cobra verdadeira, porque pode bem ser que, mesmo não imune ao veneno das víboras, seja imune ao da sua próxima parenta.

Esses e muitos outros problemas seriam resolvidos pelo dr. Brasil, se ele tivesse oportunidade de os estudar.

Devemos relembrar, ademais, que seus estudos são não somente de eminente valia sob o ponto de vista puramente científico, como também são de real valor prático.

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