Memórias de um magistrado do império

avô deu efetivamente partilhas do valor do ofício de tabelião a todos os seus irmãos, mas ficou ele senhor do Ofício, que nunca serviu, pois teve sempre serventuário. O primeiro foi tio Antônio, avô de Caetaninho(9) Nota do Leitor e depois foi meu tio João Carneiro, genro de meu avô. Meu pai alegando ser filho mais velho e único varão, pediu ao Governo d'El Rei a sobrevivência, que obteve: por morte de meu avô quiseram os cunhados propor-lhe ação para a divisão do valor do Ofício, mas não se animaram pois as circunstâncias eram difíceis e a razão podia mais que o interesse: ameaçaram muito, chegaram a seduzir o filho natural, coerdeiro da terça, mas este desistiu da demanda, que começara a ser proposta. Depois em 1838, eu, como procurador de meu pai, renunciei a este Ofício na pessoa do Bacharel Frederico Miguel de Almeida pela quantia de seis contos de réis, dinheiro que remeti logo em letras para o Rio de Janeiro. Enquanto meu pai foi proprietário do ofício teve por serventuário Antônio Lopes de Miranda, que depois, por um falso pretexto foi expulso pelo Presidente, para dar-se a serventia do ofício a José Fernandes de Oliveira, que nada pagava ao proprietário, mas só por mal-entendida proteção, por ser ele casado com uma filha do Francisco Antônio de Ataíde Seixas. A minha intervenção fez

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