O Brasil e os brasileiros: esboço histórico e descritivo v.2

e as laranjeiras sejam pródigas em seus frutos dourados. A costa escarpado e alta, e promontórios bem arborizados projetam-se com grande nitidez de detalhes na brilhante e pura atmosfera. A ilha de São Sebastião está separada do continente apenas por um estreito braço de mar, e pareceu-me, ao contemplá-la, uma das fabulosas ilhas Hespérides. As íngremes e rochosas encostas de suas cadeias de montanhas são entremeadas de faixas de floresta, de cuja folhagem espessa, cascatas de beleza verdadeiramente alpina deixam cair suas águas espumantes de centenas de pés de altura.

Foi numa aldeia dessa romântica ilha que Wilberforce — um jovial e imaginoso guarda-marinha inglês — diz ter visto traços de mãos portuguesas em uma linda e branca igreja que se ergue no meio das casas de barro. "A antiguidade da construção", escreve ele, "não era a única prova de sua origem. A presença de uma igreja é em si suficiente para mostrar que portugueses ou brasileiros haviam encontrado a vila. Costuma-se dizer que a primeira construção que colonos portugueses erigem é uma igreja: e a primeira que os brasileiros constroem é uma taberna de bebidas". E Wilberforce acrescenta significativamente: "Nós regulamos essas coisas melhor na Inglaterra e construímos as duas ao mesmo tempo". Não posso dizer que as observações do guarda-marinha inglês sejam inteiramente exatas; mas é um fato que os brasileiros já tenham demasiado igrejas para os sacerdotes, e também que principiem os núcleos de suas povoações por uma venda, que não serve apenas como casa de bebidas, mas como lugar para repousarem e comer.

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