de Potamogeton. Passamos a noite numa praia, ao pé da Cachoeira do Lageado, o maior dos saltos do rio Tocantins.

No dia 16, desde muito cedo, estávamos em preparativos para passar a cachoeira; mas, como não tínhamos conosco nenhuma pessoa conhecedora da passagem, por pouco seríamos vítimas de nossa ignorância no particular. Com muita dificuldade e apesar da furiosa correnteza, conseguimos galgar a corredeira, até enormes rochedos, erguidos à nossa direita. Neste ponto desembarcamos e enquanto os homens da equipagem sustinham as embarcações por meio de cordas, a fim de não serem arrastadas pela correnteza, esforçamo-nos por alcançar, pulando de pedra em pedra, uma alta cascata que barrava o leito do rio. À empresa, todavia, apresentava-se-nos bastante árdua, pois era de tal usado escorregadia a superfície das rochas, que várias vezes estivemos a pique de cair no meio das águas que saltavam aos nossos pés. Não vendo nenhuma outra passagem, insistimos obstinadamente durante muito tempo em forçar a impetuosidade da corrente, procurando vencer de qualquer maneira os obstáculos naturais. Entretanto, reconhecendo afinal a completa impraticabilidade da empresa, sentamo-nos numa pedra, já quase de todo desesperados. Foi quando ouvimos grandes gritos, vindos de trás dos rochedos que formavam a outra margem do rio. Certificamo-nos logo de que estes gritos deviam ser do pessoal da ubá que pela manhã tínhamos mandado na frente, com o fim de descobrir uma passagem menos perigosa do que aquela em que nos metemos. Mas que significariam estes berros? Teriam os selvagens atacado os nossos companheiros? Neste caso como lhes prestaríamos socorro? Ou quereriam com isso nos comunicar haverem encontrado uma passagem transponível? Estivemos por alguns instantes nesta perplexidade, até que tomei a decisão de irmos ao encontro deles, custasse o que custasse. Víamos à nossa frente muitos perigos, pois se todos os homens estavam