Pluto Brasiliensis; memórias sobre as riquezas do Brasil em ouro, diamantes e outros minerais v. 2

de gerações. Nesse ínterim, ao invés de progredir, o país caminhará para trás.

Necessariamente, o comércio, a indústria e a agricultura entrarão em declínio. Em consequência, a receita do Estado diminuirá enormemente, os preços dos gêneros de primeira necessidade atingirão alturas vertiginosas e todas as instalações de mineração, assim como as fábricas e as culturas não terão remédio senão suspender as suas atividades. Assim, a miséria acossará a todos, sem exceção.

Ao findar o quarto lustro, a pobreza terá atingido o máximo. A situação será insustentável e os bons tempos só voltarão depois que a colonização for uma realidade e houver uma geração nova, que dê exemplo de maior atividade. Até lá, porém, passará meio século. Nessa ocasião, o Brasil apenas conseguirá voltar ao que já era antes da extinção do tráfico.

Todas essas considerações são pouco mais ou menos idênticas às de que se serviu José para explicar o sonho das sete vacas gordas e sete vacas magras. Quem, como eu, estudou e conhece suficientemente o Brasil e os brasileiros, concordará comigo. A meu ver, as razões que expus contra a abolição do tráfico são insofismáveis.

Será então necessário, poder-se-ia perguntar, que o Brasil, florescente agora, sofra semelhante crise, para que, no futuro, se torne mais feliz? Não teria o Governo brasileiro nenhum meio de repelir a exigência da Inglaterra, cujos interesses se fundam na própria extinção do tráfico? Não teria esse mesmo Governo consultado o interesse publico, se, em lugar de submeter-se completamente às exigências inglesas, tivesse apenas concordado em limitar, de ano para ano, a entrada dos escravos, de modo a chegar à extinção total ao fim de 20 anos, isto é, quando a afluência de colonos

Pluto Brasiliensis; memórias sobre as riquezas do Brasil em ouro, diamantes e outros minerais v. 2 - Página 455 - Thumb Visualização
Formato
Texto